Esqueça tudo o que você já ouviu sobre a história de Noé e sua arca. Eu vou contar de que forma as coisas realmente aconteceram. Noé, que já era um cara meio estranho, piorou muito depois de um sonho que teve. Sem mais nem menos, resolveu construir uma banheirona no quintal da casa dele. Ninguém mais pregava olho com tanta bateção de martelo e gemido de serrote. Aí começaram os misteriosos desaparecimentos de bichinhos da vizinhança, sempre aos casais.
Quando começou a chover, Noé já estava preparado. Assim que anoiteceu, arrombou as jaulas e pegou “emprestados” todos os animais do jardim zoológico. E tão logo amanheceu o novo dia, a arca de Noé, lotada de bichos de todas as espécies, flutuava no marzão que se formara, iniciando a grande viagem.
A história terminaria igual, se não fossem os veadinhos. É que o velho Noé já estava meio cegueta, e na pressa de completar logo o estoque, não reparou que nenhum dos dois veadinhos era assim tão macho. E já na primeira semana a dupla dinâmica fez o maior auê. Davam piti, faziam escândalo, ameaçavam se jogar ao mar.
O velho Noé bem que tentou, mas a elefanta, desconfiada que o maridão andava enfiando a tromba onde não devia, bateu o pé. E no que ela bateu o pé, quase afunda aquela merda. Então, não houve outro jeito. Colocados numa canoinha, os dois veadinhos viram a arca sumir no horizonte. Mas, como veado é bicho de sorte, no dia seguinte eles estavam pisando em terra firme.
Da mesma forma que a história original não explica de que forma Noé conseguiu construir uma arca, senão havia madeireira e nem loja de ferragens, eu não vou perder meu tempo contando como os dois veadinhos se multiplicaram. Mas, sem dúvida, esta é uma explicação tão boa como qualquer outra para o fato de que, por aqui, veado é bicho que não falta.
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