OS 100 CONTOS DE RÉIS
Qual de nós, como Jeremias, jamais “desperdiçou” uma mulher? Na ânsia de produzir descomprometidos instantes, nesses encontros e desencontros da vida, quantos de nós, deslumbrados com as quantidades dos números, não deixamos passar despercebido algum maravilhoso momento? Faz parte da essência masculina, desde que o homo tornou-se erectus, servindo isso de explicação para o fato de que cada um de nós, não importa quando ou por qual motivo, já deixou escapar por entre os dedos desatentos uma grande mulher. Uns, mais sortudos, tiveram uma segunda chance. Outros, na grande maioria, sequer perceberam a perda, ocupados que estavam em garimpar novas pepitas, acabando sozinhos; mesmo que acompanhados. Fazer o quê? Com o passar dos anos, um pouco mais sábios, recorremos à máquina do tempo. Pelo milagre da memória, nos vemos transportados até a Cidade das Mulheres Desperdiçadas. E lá estão elas, lindas como as vimos no momento em que fomos tocados pelos frágeis dedos da sorte, sem que sequer o tenhamos notado. Com a nova sabedoria do hoje, percebemos imediatamente o exato instante em que tomamos a decisão errada. E a dor de sabê-lo é o maior dos castigos. Toda uma imensidão de pequenos e maravilhosos detalhes, agora nos salta aos olhos, naturalmente. A voz, que é pura música, e o suave perfume, para sempre guardado em algum cantinho escuro de nossa memória. Como, em nome de todos os santos, pudemos deixar de perceber algo tão óbvio? Na Cidade das Mulheres Desperdiçadas, moram todas elas. Nos olhos, trazem o carinho que desprezamos. A um aceno nosso, elas vêm, gentis. Mas, como castigo aos injustos, nós podemos vê-las, hoje, lindas e intocadas, da mesma forma que naqueles dias, tantos anos atrás. Por isso as desejamos tanto e tanto.
Elas, no entanto, ao verem em nossos rostos riscadas as marcas do tempo, nos dão um último e breve sorriso, virando-nos as costas para sempre.
Nota do Autor – É feita referência a uma peça publicitária na qual “Jeremias” retorna à “Cidade das Mulheres Desperdiçadas”.
Qual de nós, como Jeremias, jamais “desperdiçou” uma mulher? Na ânsia de produzir descomprometidos instantes, nesses encontros e desencontros da vida, quantos de nós, deslumbrados com as quantidades dos números, não deixamos passar despercebido algum maravilhoso momento? Faz parte da essência masculina, desde que o homo tornou-se erectus, servindo isso de explicação para o fato de que cada um de nós, não importa quando ou por qual motivo, já deixou escapar por entre os dedos desatentos uma grande mulher. Uns, mais sortudos, tiveram uma segunda chance. Outros, na grande maioria, sequer perceberam a perda, ocupados que estavam em garimpar novas pepitas, acabando sozinhos; mesmo que acompanhados. Fazer o quê? Com o passar dos anos, um pouco mais sábios, recorremos à máquina do tempo. Pelo milagre da memória, nos vemos transportados até a Cidade das Mulheres Desperdiçadas. E lá estão elas, lindas como as vimos no momento em que fomos tocados pelos frágeis dedos da sorte, sem que sequer o tenhamos notado. Com a nova sabedoria do hoje, percebemos imediatamente o exato instante em que tomamos a decisão errada. E a dor de sabê-lo é o maior dos castigos. Toda uma imensidão de pequenos e maravilhosos detalhes, agora nos salta aos olhos, naturalmente. A voz, que é pura música, e o suave perfume, para sempre guardado em algum cantinho escuro de nossa memória. Como, em nome de todos os santos, pudemos deixar de perceber algo tão óbvio? Na Cidade das Mulheres Desperdiçadas, moram todas elas. Nos olhos, trazem o carinho que desprezamos. A um aceno nosso, elas vêm, gentis. Mas, como castigo aos injustos, nós podemos vê-las, hoje, lindas e intocadas, da mesma forma que naqueles dias, tantos anos atrás. Por isso as desejamos tanto e tanto.
Elas, no entanto, ao verem em nossos rostos riscadas as marcas do tempo, nos dão um último e breve sorriso, virando-nos as costas para sempre.
Nota do Autor – É feita referência a uma peça publicitária na qual “Jeremias” retorna à “Cidade das Mulheres Desperdiçadas”.
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