ALGUMAS INFORMAÇÕES

Em Araruama desde 2003, colaborou como redator nos jornais A VOZ DE ARARUAMA, VERDADE, JORNAL ROTA DO SOL e CONTEÚDO. Escreveu artigos para os jornais HORA CERTA, REVISTA REALCE e JORNAL DA CIDADE, e apresentou na Rádio Mar Aberto, o programa de entrevistas FRENTE A FRENTE. Atualmente escreve para o Carapeba e Correio da Cidadania

segunda-feira, 29 de março de 2010

A CARTA QUE VOCÊ NÃO RECEBEU

OS 100 CONTOS DE RÉIS
Eu achava que o primeiro dia seria terrível. Depois, vieram os outros. Dias todos iguais, de milhões de horas arrastadas, com suas noites e manhãs emendadas rodopiando em volta de mim como um carrossel. E a porta, afinal de contas, estando sempre ali, como um desenho obsceno, escancarando a saída fácil de um tormento que eu criei para mim. Talvez, só por teimosia eu ia resistindo. Apesar dos pensamentos – meus piores algozes – insistindo em fazer brotar fragmentos de uma vida, cuja felicidade eu não soube proteger. E dos sons e cheiros tão familiares que, em minha cabeça, misturavam sonho e realidade. Como o seu riso, enchendo de música esta sala morta. E o doce perfume dos seus cabelos, a flutuar como um fantasma. Cacos da minha vida, que só foi realmente completa, a partir do instante em que eu encontrei você. Sim, porque eu sempre soube que você era a minha melhor metade. E, por conta disso, é que eu jamais poderei me absolver pelo que fiz. Por isso é que eu devo me agarrar às minhas fraquezas e beber, gota a gota, desse veneno amargo que é a sua ausência. E mesmo que a porta esteja bem ali, e que ela seja a negação das minhas certezas, eu jamais irei até você – você que nunca mereceu minha traição – para pedir que me perdoe. Porque, a certeza de que você iria me perdoaria é que seria, para mim, a maior humilhação. Ter de olhar nos seus olhos claros e ver, ali refletida, toda a minha imensa culpa. E compreender sua tristeza, em saber que eu não sou tão bom quanto você sempre me fez acreditar que eu era. Prefiro assim. Sumir de sua vida, como fumaça. Deixar você acreditar que o meu amor acabou. E que eu sequer tive a decência de lhe dizer adeus.

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