ALGUMAS INFORMAÇÕES

Em Araruama desde 2003, colaborou como redator nos jornais A VOZ DE ARARUAMA, VERDADE, JORNAL ROTA DO SOL e CONTEÚDO. Escreveu artigos para os jornais HORA CERTA, REVISTA REALCE e JORNAL DA CIDADE, e apresentou na Rádio Mar Aberto, o programa de entrevistas FRENTE A FRENTE. Atualmente escreve para o Carapeba e Correio da Cidadania

terça-feira, 30 de março de 2010

A CIDADE DAS MULHERES DESPERDIÇADAS

OS 100 CONTOS DE RÉIS

Qual de nós, como Jeremias, jamais “desperdiçou” uma mulher? Na ânsia de produzir descomprometidos instantes, nesses encontros e desencontros da vida, quantos de nós, deslumbrados com as quantidades dos números, não deixamos passar despercebido algum maravilhoso momento? Faz parte da essência masculina, desde que o homo tornou-se erectus, servindo isso de explicação para o fato de que cada um de nós, não importa quando ou por qual motivo, já deixou escapar por entre os dedos desatentos uma grande mulher. Uns, mais sortudos, tiveram uma segunda chance. Outros, na grande maioria, sequer perceberam a perda, ocupados que estavam em garimpar novas pepitas, acabando sozinhos; mesmo que acompanhados. Fazer o quê? Com o passar dos anos, um pouco mais sábios, recorremos à máquina do tempo. Pelo milagre da memória, nos vemos transportados até a Cidade das Mulheres Desperdiçadas. E lá estão elas, lindas como as vimos no momento em que fomos tocados pelos frágeis dedos da sorte, sem que sequer o tenhamos notado. Com a nova sabedoria do hoje, percebemos imediatamente o exato instante em que tomamos a decisão errada. E a dor de sabê-lo é o maior dos castigos. Toda uma imensidão de pequenos e maravilhosos detalhes, agora nos salta aos olhos, naturalmente. A voz, que é pura música, e o suave perfume, para sempre guardado em algum cantinho escuro de nossa memória. Como, em nome de todos os santos, pudemos deixar de perceber algo tão óbvio? Na Cidade das Mulheres Desperdiçadas, moram todas elas. Nos olhos, trazem o carinho que desprezamos. A um aceno nosso, elas vêm, gentis. Mas, como castigo aos injustos, nós podemos vê-las, hoje, lindas e intocadas, da mesma forma que naqueles dias, tantos anos atrás. Por isso as desejamos tanto e tanto.
Elas, no entanto, ao verem em nossos rostos riscadas as marcas do tempo, nos dão um último e breve sorriso, virando-nos as costas para sempre.


Nota do Autor – É feita referência a uma peça publicitária na qual “Jeremias” retorna à “Cidade das Mulheres Desperdiçadas”.

segunda-feira, 29 de março de 2010

A CARTA QUE VOCÊ NÃO RECEBEU

OS 100 CONTOS DE RÉIS
Eu achava que o primeiro dia seria terrível. Depois, vieram os outros. Dias todos iguais, de milhões de horas arrastadas, com suas noites e manhãs emendadas rodopiando em volta de mim como um carrossel. E a porta, afinal de contas, estando sempre ali, como um desenho obsceno, escancarando a saída fácil de um tormento que eu criei para mim. Talvez, só por teimosia eu ia resistindo. Apesar dos pensamentos – meus piores algozes – insistindo em fazer brotar fragmentos de uma vida, cuja felicidade eu não soube proteger. E dos sons e cheiros tão familiares que, em minha cabeça, misturavam sonho e realidade. Como o seu riso, enchendo de música esta sala morta. E o doce perfume dos seus cabelos, a flutuar como um fantasma. Cacos da minha vida, que só foi realmente completa, a partir do instante em que eu encontrei você. Sim, porque eu sempre soube que você era a minha melhor metade. E, por conta disso, é que eu jamais poderei me absolver pelo que fiz. Por isso é que eu devo me agarrar às minhas fraquezas e beber, gota a gota, desse veneno amargo que é a sua ausência. E mesmo que a porta esteja bem ali, e que ela seja a negação das minhas certezas, eu jamais irei até você – você que nunca mereceu minha traição – para pedir que me perdoe. Porque, a certeza de que você iria me perdoaria é que seria, para mim, a maior humilhação. Ter de olhar nos seus olhos claros e ver, ali refletida, toda a minha imensa culpa. E compreender sua tristeza, em saber que eu não sou tão bom quanto você sempre me fez acreditar que eu era. Prefiro assim. Sumir de sua vida, como fumaça. Deixar você acreditar que o meu amor acabou. E que eu sequer tive a decência de lhe dizer adeus.

SOZINHO

OS 100 CONTOS DE RÉIS
- Solteiro, de novo!

A frase expressando a alegria do momento, apesar de afirmativa, quando ecoa nos cômodos vazios, é devolvida com certo ar de dúvida. Era a minha primeira noite no apartamento, após a separação. Sábado e domingo não contavam, engolidos que foram pelos programas sucessivos, na companhia dos amigos que me restaram, já que até amigos se somam aos itens a serem divididos, quando o casamento termina. Sentado na poltrona que restou, meus pés sentem a falta do confortável acolhimento do monstruoso tapete vermelho. Na dúvida, ficou para ela. Como o quadro absurdamente negro, que ficava ainda mais surrealista sob o foco azulado da luminária. Fora a tevê, a poltrona e a bancada de ferro batido e granito que serve agora de base para o imenso aquário vazio, a sala foi saqueada de tudo que a atravancava. E esta ausência, alguma parte distante de mim registra, é o que mais me incomoda. Sem perceber, enquanto a mente divaga, meus dedos vão dedilhando o controle remoto, zapeando pelos canais, sem me deter em qualquer um deles. Sorrio ao pensar em como isso a enlouquecia. Talvez, a única coisa que a tirava de costumeiro alheamento. Isso e o telefone, no qual ela falava horas seguidas, com toda vivacidade que um dia, num passado por demais distante, me encantou e prendeu. Caminho agora pelos demais cômodos, de repente tão diferentes e frios, sentindo-me intruso em minha própria casa. Abro a geladeira, e uma lasanha de caixa me convida para uma refeição com gosto de papelão e molho de tomate. No aparelho de som, o CD esquecido é o mesmo que ela ouvia, abafando a minha voz que puxava um assunto qualquer, em uma vida passada. Quando o telefone toca, eu corro para ela, desavergonhadamente pronto a começar tudo de novo. Engano. Meu e da moça de voz chorosa, tão ansiosa que teclou errado. Lá fora, a chuva irrompe barulhenta, fazendo escorrer fios caprichosos pela vidraça, como que chorando por mim, as lágrimas que meu peito de homem insiste em ocultar.

O RETORNO DA VELHA SENHORA

OS 100 CONTOS DE RÉIS
O táxi levou-a através das tão conhecidas ruas, fazendo com que, milagrosamente, passado e presente se tornassem um só, bem à frente dos seus olhos. Muito pouco havia mudado em cinquenta anos. Agora, a garota que ela foi um dia estava do seu lado, disposta a acompanhá-la nessa viagem tão dolorida. Ela reconheceu, nos olhos assustados, a menina que em segredo namorava o filho do dono da fábrica de tecidos, há tantas vidas atrás. A pequena cidade crescera em volta da imponente fábrica de tecidos, tornando-se parte dela, já que todos os moradores, inclusive seus pais, trabalhavam ali. Eram dias lindos e despreocupados, até que ficou grávida. Aí, tudo mudou, e ela conheceu o medo e a vergonha. Por imposição do pai - o homem mais poderosos da cidade - o rapaz foi estudar na capital. Ela, definitivamente marcada como perdida, e vendo-se como objeto dos gracejos maldosos de toda a cidade, isolou-se em sua casa, tornando-se nervosa e arredia. Tão logo deu à luz um filho, que rapidamente lhe foi tirado dos braços, foi mandada para outra cidade, indo morar com uma tia que sequer conhecia.Surpreendentemente, sua vida começou a mudar ali. Dona de uma beleza que jamais suspeitou, viu abrir-se para ela, nos anos que se seguiram, um mundo de oportunidades que nunca ousou desejar. Um dia, decidiu trocar o emprego de secretária, pela condição de esposa do banqueiro para quem trabalhava. Com a guerra, a economia sofreu um grande revés, obrigando empresas a lançar mão de empréstimos junto aos bancos, para continuarem de portas abertas. Atendendo a um pedido seu, o marido determinou que o banco liberasse créditos para a fábrica de tecidos, hipotecando todos os bens de seu proprietário.

No vencimento da dívida, o banco não renovou a operação, exigindo a imediata quitação da dívida, ou a entrega das propriedades hipotecadas. Com o fechamento da fábrica, a cidade foi morrendo pouco a pouco. E o resultado de tanto ódio, ela, horrorizada, testemunha agora. A pontada de dor no peito, a faz relembrar da sentença do médico. E este passeio pelo passado, com todos os sentimentos que ela vivencia, lhe dá a convicção de que tomou a decisão certa. Usará toda a imensa fortuna que se acumulou no decorrer desses anos, para reabrir a velha fábrica de tecidos. Depois disso, e só depois disso, poderá morrer em paz.

A GALINHA DA VIZINHA

OS 100 CONTOS DE RÉIS

Você acha que é pecado passar a mão no alheio? Eu também acho que é. Pelo menos achava, até o momento em que a vi, ruiva e gostosinha, mole no meu quintal. Não a vizinha, é claro, porque esta só apareceu depois, procurando pela galinha dela. De uma para a a outra, passaram-se alguns momentos.

Meus amigos, a carne é fraca. Não a da galinha, é claro, já que uma canja costuma levantar quem está caído. Enquanto eu olhava a bicha (a galinha, porque vou logo avisando que não simpatizo com homem que vira mulher) já sonhando com os apetitosos pratos em que a penosa exercia o papel principal, tocam a campainha. Era aquela outra, a vizinha. Sou péssimo mentiroso. Ela nem se deu ao trabalho de perguntar. Bastou me olhar, e já foi entrando. Minha barriga, sentindo-se traída, roncava furiosamente. Lágrimas de perda desciam pelo meu rosto. Eu jamais teria uma nova chance de me alimentar decentemente. Praga da minha ex-sogra, aquela mocréia, que mesmo depois de ter batido a caçuleta ainda fazia os seus vodus. Amanhã mesmo, ou talvez depois, já que sou meio lento para essas coisas, eu iria acender uma vela na encruzilhada para me livrar do... Fui sacudido do meu momento espiritual pela vizinha – não tem gente que diz que quando o tinhoso não vem manda o secretário? Vinha de mãos vazias. Mentalmente, caí de joelhos ali mesmo, enquanto sinos celestiais repicavam festivamente, e um coro de anjinhos rosados entoava o cântico da Aleluia. Ela não achara a galinha, mas, pelo olhar venenoso que me lançou, eu vi que ela sabia. Hoje, tanto tempo passado, eu e a Djenane (a galinha ruiva, lembra?) ainda damos muita risada quando lembro do assunto. Imagine só que a danada (a galinha), assim que viu a peste (a vizinha), escondeu-se no meio das traquitanas, só para não ser encontrada. É que depois a filha (minha ex) seguindo os conselhos da mãe dela, escafedeu-se mundo a fora, parei de me ocupar com os detalhes do trivial. Deixei o mato crescer em volta da casa, parei de roçar a terra, e abandonei os biscates que me rendiam um bom dinheiro, já que sou um excelente faz-tudo. As traquitanas então foram se acumulando no barracão, até que me voltasse o ânimo; ou a Juraci. Mas agora tudo mudou. Para escapar dos olhos vigilantes da vizinha (que eu peguei mais de uma vez espichando o pescoço por cima do muro, coloquei a Djenane para dentro de casa. E como tinha de por comida na mesa para nós dois, eu voltei a fazer os biscates. Nas poucas horas que tenho de folga (já falei que sou um excelente faz-tudo?) vou dando um trato na terra, que já está até produzindo alguns legumes e umas verdurinhas. Da casa cuida a Djenane, prendada como ela só. Quer saber da vizinha? Mudou-se. Foi para outra cidade. Se eu sinto falta da Juraci? Nem lembro mais da cara daquela galinha (desculpe, querida, é só modo de falar).

A FACE DO ÍDOLO

OS 100 CONTOS DE RÉIS

A jovem médica me olha fixamente deixando, sem o menor pudor, transparecer sua impotência, após haver utilizado todas as suas técnicas de abordagem. Talvez, não sei dizer ao certo, alguma pequena fração daquele que um dia fui, tenha se condoído dela. Mas, agora, é muito tarde. Mesmo sem querer, meu pensamento se volta para aquela manhã, na sala de espera do dentista, quando vi pela primeira vez, ilustrando um texto sobre antigos costumes tribais, a face daquele deus pagão, sem nome e sem origem determinada. Não sei dizer por qual motivo rasguei a página, e a escamoteei com dedos rápidos de criminoso. Em minha casa, uma parede branca estava reservada para a cópia de uma tela impressionista, pintada por um ainda obscuro gênio florentino. A partir daí, passei a dedicar minhas horas ociosas a reproduzir a gravura, ampliando-a, naquela parede. Conforme os traços iam ocupando os quadrículos, a face do ídolo ia se tornando cada vez mais nítida e assustadora. Diferentemente do tosco modelo, a figura que agora eu contemplava, mesmo ainda inacabada, passava a sensação de ter vida própria. Agora, eu estava totalmente envolvido com minha obra. Num crescendo, eu passava cada vez mais tempo com ela, fazendo menos importantes todas as outras obrigações dos meus dias. De repente, manhãs e noites passaram a se misturar até que, finalmente, estava terminado. Era impossível deixar de ver que, à minha frente, estava uma figura viva; com alma. Nos olhos, a maldade estava ali retratada de tal forma, que poderia ser tocada. Um cansaço imenso tomou conta de mim. Ali mesmo eu me deitei e adormeci. Repentinamente, uma selva diferente de tudo quanto eu já havia visto, vibrante de cores e de sons, me cercava e oprimia. Prisioneiro dentro dos olhos do ídolo, eu via um quadro de sofrimentos e torturas indescritíveis, que eu podia sentir em meu corpo. Hipnotizado pelo ritmo ensurdecedor dos tambores, acompanhei o suplício de homens, mulheres e crianças, comandado pelos sacerdotes da tribo, expostos a toda sorte de abusos e agressões, como tributo ao ídolo. E, pior de tudo, eu podia perceber de alguma forma a satisfação daquela criatura. Ao acordar, não sei quantos dias depois, e ainda trêmulo pelas emoções vividas, senti um medo terrível. Eu soube com a maior clareza possível, que estava dando vida àquela forma demoníaca. Se ficasse em minha casa, seria por ele aprisionado, passando a ver e a sentir através dos seus olhos, toda a imensa maldade que o alimentava. Como derradeiro ato de coragem, abandonei tudo. Meus dias e minhas passaram a se resumir em uma eterna fuga. Até que vim parar aqui, neste manicômio, conhecendo, depois de tanto tempo, a paz que já considerava perdida. Uns após outros, médicos passaram a me examinar, buscando arrancar alguma palavra ou fato passado, tentando ajudar-me a voltar a ser o que um dia eu fui. Pelo bem de todos nós, isso não pode acontecer.

A DAMA DO GUARDA-SOL AZUL

OS 100 CONTOS DE RÉIS

Era uma daquelas manhãs gloriosas em que a natureza resolve exibir-se por inteiro, abusando das cores e dos perfumes, talvez para lembrar aos mais distraídos, que a vida é bela e merece ser saboreada sem pressa. Acho que estava neste espírito quando a vi, caminhando com passos miúdos, e um grande sorriso a iluminar seu rosto. Surpreendentemente, as pessoas que por ela cruzavam, sorriam também, tornando-se cúmplices daquele momento, e gratas por ela despertar-lhes essa alegria adormecida. Num impulso, contrariando a rotina desde sempre obedecida, resolvi mudar meu percurso, deixando de lado a série de intermináveis compromissos, antes inadiáveis. Quem seria aquela mulher tão comum, e ao mesmo tempo tão especial, que parecia trazer consigo toda a magia de uma nova estação?
Mais de perto, ela era assombrosamente igual às outras tantas senhoras, um pouco tias, um pouco avós da gente, e embora se vestisse com todas as cores do arco-íris – desde os tênis alaranjados com meiões vinho, passando pela bermuda verde-limão, até a blusa de malha amarela – era o imenso guarda-sol azul, com estrelas brancas, que ela rodava na mão enquanto ia caminhando, que dava o toque fantástico. Isso porque, talvez pelo efeito do sol, eu acho, as estrelas iam sendo arremessadas de encontro às pessoas que por ela passavam, lembrando as bolhas de sabão da minha infância, que brotadas do meu sopro, iam procurar novos mundos, impelidas pela brisa e pelo sonho. Como o ser encantado que eu logo percebi que era, minha fadinha sumiu num desses cruzamentos. Dela ficou apenas um leve perfume, quase uma sensação, que me acompanhou ainda por um longo tempo.

terça-feira, 9 de março de 2010

A ARCA DA BICHARADA

OS 100 CONTOS DE RÉIS
Esqueça tudo o que você já ouviu sobre a história de Noé e sua arca. Eu vou contar de que forma as coisas realmente aconteceram. Noé, que já era um cara meio estranho, piorou muito depois de um sonho que teve. Sem mais nem menos, resolveu construir uma banheirona no quintal da casa dele. Ninguém mais pregava olho com tanta bateção de martelo e gemido de serrote. Aí começaram os misteriosos desaparecimentos de bichinhos da vizinhança, sempre aos casais.
Quando começou a chover, Noé já estava preparado. Assim que anoiteceu, arrombou as jaulas e pegou “emprestados” todos os animais do jardim zoológico. E tão logo amanheceu o novo dia, a arca de Noé, lotada de bichos de todas as espécies, flutuava no marzão que se formara, iniciando a grande viagem.
A história terminaria igual, se não fossem os veadinhos. É que o velho Noé já estava meio cegueta, e na pressa de completar logo o estoque, não reparou que nenhum dos dois veadinhos era assim tão macho. E já na primeira semana a dupla dinâmica fez o maior auê. Davam piti, faziam escândalo, ameaçavam se jogar ao mar.
O velho Noé bem que tentou, mas a elefanta, desconfiada que o maridão andava enfiando a tromba onde não devia, bateu o pé. E no que ela bateu o pé, quase afunda aquela merda. Então, não houve outro jeito. Colocados numa canoinha, os dois veadinhos viram a arca sumir no horizonte. Mas, como veado é bicho de sorte, no dia seguinte eles estavam pisando em terra firme.
Da mesma forma que a história original não explica de que forma Noé conseguiu construir uma arca, senão havia madeireira e nem loja de ferragens, eu não vou perder meu tempo contando como os dois veadinhos se multiplicaram. Mas, sem dúvida, esta é uma explicação tão boa como qualquer outra para o fato de que, por aqui, veado é bicho que não falta.